quarta-feira, 28 de março de 2012

Para pensar de novo.

"Não estamos na idade da pedra, estamos na era da pedrada."
Oswald Andrade.

Por onde anda as nossas cabeças? O que há com os incompreensíveis delírios que antes apontavam nossa língua pro rumo da rua?
Onde houver idéia, que haja junto na sua composição insana uma pitada de mal querer a tudo aquilo que, dissimuladamente, nos fazemos de indiferente. Não há idéia que resista a solidão, nem há inércia que resista à aglomeração violenta de uma grande cidade. Tais reflexões (que não me levam a lugar nenhum por serem, talvez, incoerentes e vazias) podem se valer de outras tantas reflexões (que também nunca me levaram a lugar nenhum) que apesar de tudo isso tem um valor tão grande que se encerra no conflito entre o certo e o absolutamente certo na minha cabeça.
Onde estão os auêis? Porque nunca mais sentimos o cheiro de privada de banheiro de bar por essas bandas? O que se fez de tudo isso? Houve uma transição/evolução de pensamento?
Não! Pela palavra que alucina eu juro que nada mudou, nada no aueiísmo, mas muita coisa mudou nas pessoas, que hoje estão num novo patamar de vida e de luz. Eu mesmo senti isso quando minha barriga doeu e, de dentro dela, eu ouvi o choro de uma criança que precisava de tantas coisas que eu tive que correr para corresponder ao grito necessitado desse ser que nem sei ao certo a razão desse despertar dentro de minha cabeça (pois era um choro que povoou durante tempos a minha cabeça com um som violento e desrespeitoso). E veio o dia da grande ventania que arrebentou as trancas da minha porta e varreu numa surpresa sinistra a minha mesa, a minha sala e as prateleiras da cozinha, e o vento serenou num segundo momento, onde não havia mais nada de velho no quintal da minha casa, a não ser aquela cueca branca que continuava balançando feito bandeira no varal - uma bandeira auêi! E como se não houvesse mais nada pra fazer, resolvi consultar o fundo do baú que eu guardava em segredo num lugar que nem eu mesmo lembro mais, e foi lá que eu vi um monte de estrelas quebradas e sem luz, espalhadas sobre um monte de papéis da coelce e de contratos inválidos para as minhas novas propostas de vida (se é que eu as tenho ou, ainda, se é que elas já estão bem definidas). Eram estrelas que antes brilhavam nas rodas de idéias, eram estrelas iluminadas pelos olhares promissores de tantos meninos que insistiam em dizer "sim" para a insanidade de criar, compor, construir, modelar, enfim, de fazer algo, por mais que fazer algo naquela hora não fizesse tanto sentido assim. era uma vontade louca de fazer, de dizer, de insultar e de bodejar qualquer coisa que ficasse para sempre no coração de alguém, para que isso fosse levado na lembrança de quem quer que fosse como algo bom. Porque, no fundo, tudo o que era dito era bom.