quarta-feira, 30 de maio de 2012


­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­Teu sorriso
Era a luz guiadora de um farol
Naquele dia
Era, o teu sorriso
O espelho claro a revelar
Toda beleza que há dentro de ti
Na superficie suave dos teus olhos
Pois era teu os meus olhos
A sorrirem na paz de nossas tardes
A esquecer o jejum de minhas mãos
A mergulharem na água clara da tua alma
Sorrindo
Tendo, em seu coração
O sol em sua luz
Seu calor e seus mistérios
Como um deus que se devora
Na sua timidez
E nas minhas falhas
Que querem, na verdade
Acertar e, assim, buscar
A Paz





Manifesto do movimento Jóia

Respeito contrito à idéia de inspiração. alegria. saber a calma para ir perder a pressa para estar. inspiração quer dizer: todo esforço em direção a esforço nenhum, nenhum esforço em direção a todo esforço em direção a esforço nenhum. todo esforço em direção a nenhum esforço em direção a todo esforço em direção a nenhum. todo esforço em direção a nenhum esforço em direção a todo esforço em direção a nenhum esforço em direção ao todo.
nenhum círculo é vicioso a ponto de impossibilitar o verde, o aparecimento do verde, a esperança do aparecimento do verde, escrevo livre da insensatez azul e do equilíbrio amarelo.
respeito contrito à idéia de inspiração. jóia. meu carro é vermelho. inspiração quer dizer: estar cuidadosamente entregue ao projeto de uma música posta contra aqueles que falam em termos de década e esquecem o minuto e o milênio.
inspiração: águas de março.
o sexo dos anjos. e não fazemos por menos.

Caetano Veloso
1975

Manifesto do Movimento Qualquer Coisa.

I nada de novo sob a sol. mas sob o sol.
II evitar qualquer coisa que não seja qualquer coisa.
III cantar muito
IV soltar os demônios contra o sexo dos anjos
V a subliteratura. a subliteratura e a superliteratura. e até mesmo a literatura.
VI por que não.
VII jazz carioca. samba paulista. rock baiano. baião mineiro.
VIII jazz carioca feito por mineiros. samba paulista feito por baianos. baião mineiro feito por cariocas. rock baiano feito por paulistas.
IX e até mesmo a música, por que não.
X mas sob o sol.
XI a década e a eternidade, o século e o momento, o minuto e a história.
XII exemplos: a obra de jorge mautner. a pessoa de donato, o papo de gil, o significante em maria bethânia. o significado em elis regina. baiano e os novos caetanos etc.
XIII fama e cama. sempre de novo deitar e criar.
XIV salvador dali no fantástico.
XV o show da vida.
XVI bob dylan live.
XVII qualquer coisa é radicalmente contra os radicalismos e, paradoxalmente, considera ridículo tal paradoxo, ridiculamente não vê nenhum paradoxo nisso. decididamente a favor do advérbio de modo.
XVIII a televisão está melhor do que o carnaval. insistir no carnaval.
XIX e de novo sob o sol. e sempre

Caetano Veloso
1975

Sempre soube da força de tudo aquilo que se manifesta como algo invisível e intocável, mas que somos capazes de sentir e, daí, seria como se fosse possível enxergar tudo que estivesse oculto nas sombras de nossos corações. Sempre soube que o amor é redentor de almas desesperadas e que o mundo precisa de boas coisas para a sua harmonia, assim como o homem precisa da alegria, da sorte, das festas e do amparo de Deus para ser feliz e fazer o bem. Sempre soube que o amor viria para construir uma estrada capaz de nos levar em segurança para onde desejarmos ir, e que essa segurança é fruto direto da alegria capaz de nos contagiar pelas melhores companhias que surgem no decorrer de nossa jornada. Sei que o amor é fruto direto do bem, e sei, também, que é pelo amor que achamos nossa paz tão buscada, como se fosse um prêmio por suportar, com o gosto delicioso de bem-querer, as duras surpresas da vida, que são, muitas vezes, capazes de nos abalar e nos desviar da rota benigna do amor e da crença nas pessoas que nos acompanham com a dedicação fiel, particular daqueles que amam, pois são os que amam, verdadeiramente, que se conservam tranqüilos e convictos da importância de ter ao seu lado aquela que, pra você, é a melhor companhia do mundo.

terça-feira, 29 de maio de 2012

A Paz

Ilumina
Essa cidade vazia
Trazendo na cabeça
O círio morno da paz
Queimando
As praças de nossas vidas
As casas de nossos corpos
Os campos de nossas almas
A paz
Vem atrasada
Montada no vento forte
Que agita
Os galhos tristes dos nossos olhos
Que dizem
Que chorar não vale a pena
Que não se prestigia mais a alegria
Porque dizem
Que tudo está fora do lugar
E eu
Não estou mais aqui

Menina Azul


Eu
Um menino pequeno
Que dorme sobre o azul
Do meu próprio coração
Sonhando tantas vezes
Como se fosse pra sempre sonhar
Que eu era um menino pequeno
Que dormia sobre o azul do meu coração
E ainda durmo
Porque nunca esteve tão azul
O meu coração
E no sol e no sal azul da minha vista
Eu vejo dormir uma menina
Na praia de areia azul
Assim, como tudo que é azul no céu do coração
E foi assim que eu vi
Eu sei
Era uma menina azul como a passarinha
Que voou pela minha casa e pousou na minha cabeça
Era uma menina
Que levava na mão a pedra azul de jóia
E que guardava sua beleza azul da cor de coração
Era uma menina azul, cor de coração
Que pouco a pouco, assim, fazendo surpresa
Azulou minha rua
Andando
Vindo dormir sob o o azul do meu coração

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Não deixe, meu amigo, em nome de Deus, que tais aflições te desesperem e te tirem o juízo. Busque no amor de nossas vidas, no som da passarinhada que preenchem nossos ouvidos com singular canção, o conforto preciso pra reestabelecer tua alegria. Busque a paz para a sua alma e não se importe mais com essas incertezas que te perturbam e te torturam na força fria e dura do ferro que te machuca. Ouça minha voz que, muito embora venha de tão longe, veio te trazer as mais belas palavras, como beijos que despertam o sossego e tranquilizam seu coração transtornado. Não permita, meu amigo, ser tomado por maus pensamentos. Pense no som da mesma passarinhada que traz no vento de tantas revoadas o cheiro de mato, pense na parede do teu quarto, no calor do sol do meio dia e evite cair na estrada do demônio, pai da enganação, e encha seu peito de nobreza e fé, para que não haja dor. Crie, pela força da vida a surgir ainda, a coragem pra suportar os desafios injustos e a dedicação para o amor, leve a vida como se fosse um rio que seca e causa a sede em quem precisa, mas que na hora justa atende à todas as suplicas a ti dirigidas, pense em todos os próximos a ti como se fossem amantes, portadores da felicidade, para que só haja amor sobre as tuas mãos. Afasta, amigo, o rancor diário que alimenta os imbecis, que mata os bonitos e fere os anjos da nossa rua, porque você precisa ser feliz na santa paz de nossas almas desesperadas, pois nossas almas buscam o mel doce de tuas palavras, porque você é bom com o mundo, meu amigo, você ama as pessoas como se fossem rosas que cercam tua casa e que embelezam tudo o que há a tua volta. Não deixe, meu amigo, que a ferida assassina cubra teu belo rosto e que tua fisionomia se arruíne pelo abatimento das decepções, busque motivos para sorrir, confiando na responsabilidade de que o teu sorriso pertence a teus irmãos, que te amam muito. Seja breve no rancor, não os guarde, faça de teu corpo a tenda da alegria e espere a luz clara viva da manhã limpar teus olhos, antes turvos pela raiva que macula nosso discernimento. Alivia, amigo, esse peito cansado, pesado, sujo de tantos pecados e pensa na doçura gostosa da caminhada noturna pela rua do teu amor, pois ainda que faça frio, ainda que você se sinta em perigo, vê-la, por mais curto que seja o tempo, proporcionará uma felicidade plena de quem sente, convicto de sua fé, Deus no coração (o Amor!). E perdoa sempre, e implora sempre o perdão, meu amigo, pois o perdão é o maior sinal de grandeza do homem. O perdão engrandece na sua humildade, e quem perdoa e solicita o perdão são pessoas habitadas pelo amor, e isso é bom, meu amigo, pois o amor é o grande redentor de nossos sonhos. Não deixe, meu amigo, que a pedra pequena que te impede de seguir se faça muralha pra teu projeto de vida. Ouça-me, meu amigo querido, porque isso tudo é o que eu digo, todo dia, para mim mesmo.