segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Porque Fumar Pedra.


Porque fumar pedra.
Por Bruno Rodrigues.

Ultimamente as coisas tem sido diferentes. Não sinto mais o mesmo tesão que eu sentia pelas coisas que eu fazia. Antes eu ficava excitado pra caralho com os objetivos que traçava pra mim mesmo, projetos de pesquisa, bandas, mestrado, emprego, doutorado. E não era nem isso que me excitava mais, e sim o percurso que eu tinha que fazer pra alcançar esses objetivos. Não sei. Acho que todo mundo passa por momentos em que vê sua própria vida como se fosse a coisa mais monótona do mundo, e fica procurando maneiras de conseguir voltar ao normal. O problema é que cada um tem sua maneira de lidar com seus próprios problemas, então ninguém pode lhe ajudar. E o pior é que eu nem sei se realmente é possível você voltar a ser quem era antes. Talvez o melhor a ser feito é esquecer quem você era, parar de ficar achando que antes era melhor e mais fácil, e procurar ter uma nova forma de lidar com as coisas. É isso que eu vou tentar fazer, antes de enlouquecer.
Eu passo tanto tempo pensando em coisas diferentes, como revistinhas em quadrinhos, monografia, minha cama quebrada, a aula de ontem, o ensaio do fim de semana, e em como todas essas coisas são desprezíveis, que eu acabo esquecendo de dormir, de comer e de fazer as coisas que antes eu tinha concentração pra fazer, como estudar e ler por entretenimento. O pior de tudo é que quando isso acontece com você, você nem percebe, só quando acaba acontecendo alguma coisa muito foda ou então várias coisas pequenas mas que também são fodas, como você tirar notas baixas, faltar várias aulas sem perceber, deixar de arrumar seu quarto por semanas e dormir em uma mistura de cama, roupas, apostilas e revistas. Acho que a principal coisa que fez com que eu me tocasse que isso tudo tava acontecendo foi quando minha família começou a me interrogar achando que eu tava fumando crack por conta do tanto que eu emagreci. Não sei. Talvez se eu começasse a fumar na lata seria mais simples de explicar pra eles. Tudo que eu consegui responder foi: "tá tudo ótimo, nunca me senti tão bem". Fingiram que acreditaram e eu não liguei. São três da manhã agora e eu tou aqui escrevendo um texto que eu não tenho a menor idéia de qual poderia ser a finalidade dele. Talvez venha a ser um texto importante ou algo que eu venha a deletar daqui a alguns minutos, não me importo. Vou continuar escrevendo.
Antes, quando eu passava por situações em que eu perdia o tesão pela rotina, eu buscava me animar projetando coisas legais pra um futuro próximo que poderiam ser trabalhadas a partir daquele momento, e isso realmente funcionava. Me instigava com as idéias novas, e agora, penso no futuro só por pensar. Talvez eu esteja tendo as idéias erradas sobre o que fazer com minha vida, ou então eu realmente esteja sem ânimo pra nada, só sei que se eu continuar assim vou acabar jogando fora muita coisa importante que eu construí ao longo da minha vida. Não com muito esforço, mesmo. E, pra falar a verdade, nada tão importante assim. Ah, foda-se. Vou continuar desse jeito mesmo. E vou começar a fumar pedra pra dar às pessoas um bom motivo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Cenas Aueis!

Coverdale: "expulsamos o ACDC do palco em 74"

Palavras de Coverdale (atual vocal do Whitesnake, ex do Deep Purple):

"O Deep Purple foi para a Austrália em 1974 para um show... sim, UM show! Foi no Festival de Sunbury do lado de fora de Melbourne, no ápice do verão australiano, e chegamos lá na mais violenta tempestade de verão - curiosamente havíamos acabado de lançar o ‘Stormbringer’!. Os promotores do evento decidiram bravamente seguir adiante com o festival, mas era uma dificuldade imensa: o vento uivava, era congelante e promovia um verdadeiro banho de lama. Toda a platéia estava em um lamaçal. Eles se cobriam com capas plásticas e pareciam uma imensa convenção de camisinhas!"

“Após uma menos que satisfatória apresentação, deixamos o palco e fomos para nossos carros. De repente, ouvimos uma música vinda do palco. Aparentemente, uma jovem banda australiana subira ao palco, plugaram (seus instrumentos) em nossos equipamentos e começaram a tocar! Bem, foi o inferno... nossos roadies brigaram com a banda para tirar deles nosso equipamento e fazê-los descer do palco. Caos e traquinagens sucederam-se e eles lá tocando, não importando-se com nada, apenas com a felicidade de seus jovens fãs!".

“Aqueles bravos rapazes eram ninguém menos que o AC/DC! Eu fiquei bobo quando os ouvi, achei-os muito bons!"


Nas adversidades é que se descobre o quão alegre pode ser o momento!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pensamento Auei!


"Quando a mesa cresce, a cultura desaparece."



Faltava a nós Auei's registrar um pensamento do grande Augusto Pontes, incontestável influência para nós!

Crescendo, Crescendo...


Crescendo, crescendo, feito grito de ordem que desordena juízos, de forma disforme, construindo muros tortos de proteção, cercas falhas de idéias geniais. E cresce como os maiores humores da vida, das palavras trilhadas e dos sons emitidos. Crescemos num mundo que corre sobre a lavoura fértil de talentos, de poesias e sorrisos vermelhos, feito gotas de sangue na estrada longa da alegria.
Crescendo, crescendo na beira mar, numa folia marcada em meio a areais abafados de calores humanos, onde dançam os índios embriagados de mel e cajus, e seguimos assim, na brincadeira bonita de nossa juventude, de corpos sãos, resistentes a dança e aos excessos, somos assim, crescentes estrelas que brilham na noite vazia das matas e das pequenas cidades, iluminando os olhos claros das crianças e o coração desconfiado das meninas. Crescemos para maiores sermos, onde queremos, no alto de um farol, ser percebidos pelo que somos, sem máscaras, sem palavras mecânicas e profunda racionalidade, queremos sim, mais do que tudo, crescer em expressão de momentos, quem sabe perpétuos, de nossas vidas eternas.
Surge a luz que cresce no fim da estrada escura, na casa escura, na mata escura, e vai crescendo, iluminando campos limpos por onde o gado pasta e produz sob o céu e o sol de maio, carregando no decorrer dos anos uma flor que espalha cheiros e que perfuma nossas carnes, fazendo grandes os nossos braços para o trabalho e leve as nossas mãos para o amor e para a triste viola das noites de serenata, de lua branca e insônia, de alma vaga a voar até nascer do dia.
Voa na ventania da vila, com asas que crescem e se transformam, pelas lindas plumagens, no mais bonito dos pássaros, e voa sobre os telhados das casas e pousa na janela do sobrado, e fica quieto, parado, permitindo ser admirado por quem quer que o observe, fazendo, com isso, que o amor cresça na alma de cada criatura e transforme, também, os dias futuros em dias de amor.
Encha nossas ruas de doces e purezas do trabalho de nossa casa, lançando ao céu a canção que nos diz os melhores caminhos e as melhores maneiras para viver. Encha nossas casas, nossos quartos e nossos móveis com o cheiro de tua companhia, de tuas toalhas guardadas no guarda-roupa e do leite a ferver na cozinha, sob a incansável vigília de Maria, para que não se derrame de novo sobre o fogo e a lenha ardente, causando-nos o arrepio e a estranheza das armadilhas da vida.
Crescendo e cresceu. E cresceu tanto que até mesmo nas mais simples brincadeiras, nas mais humildes palavras e nos gestos mais comuns percebemos como cresceu, e cresceu tanto que ficou grande para caber em nossas mãos, e, por isso, nos restou matar a mesquinhez que existia em nós e criarmos, em seu lugar, a generosidade limpa e benéfica que nos ajuda a crescer e a iluminar nossas cabeças. Cresceu e ficou tão bonito que nos restou apenas compartilhar com o mundo um pouco do grande que tínhamos conosco e que antes ficávamos simplesmente sentados, observando seu crescimento, e ia crescendo, crescendo, e víamos tudo aquilo num transe divino, onde esse crescimento tomava a forma de um mundo inteiro, e que podíamos nos lançar nesse mundo e pousar onde quiséssemos pousar. Era como se nos atirássemos das mais altas nuvens, e rodopiássemos no espaço tantas e tantas vezes que seria impossível contar nossos giros e muito menos sentir saudade de qualquer coisa, pois rodaríamos feito folha seca no meio do terreiro.
E nunca parou de crescer, pois meus irmãos, assim como eu, cresceram após nascerem, e crescemos tanto que hoje somos o que somos, e continuamos a crescer e a ficar mais bonitos. E se acaso hoje, no meio de uma canção qualquer, eu ouço alguém dizer “crescendo, crescendo”, eu sorrio e entendo claramente como conseguimos chegar aonde chegamos.

Fruta Doce

Fruta doce que cai sobre meus olhos
E me enche de vontade
Que me desperta a inveja tola
E me enche de terror
Fruta doce que esconde seu gosto
Na esquina do universo
Me deixando o desespero
De não ter sequer uma vara
Para te cutucar daqui debaixo
Do buraco onde estou
Alucinado a te buscar
No mais alto dos galhos
Das mais altas nuvens
Dos mais altos sonhos
Onde eu posso te ver
No cacho lindo dos teus olhos
De fruta doce
De mel grosso e cristalino
Onde busco com minha boca
Refrescar minha secura
Com a fina pele de tua casca
Com a fibra viva de teu amor
Que espalha a alegria de uma flor qualquer
Perdida no meio dos galhos, das mães
Onde o vento voa
E leva teu aroma maduro
Nas ondas de ventos salgados
De terra fina a me ferir
E me encher os olhos de sal
Pra me punir por ser tão mal
E querer pra mim o doce
De uma fruta linda
Onde, feliz, eu poderia
Passar tardes inteiras
Feito menino
Chupando seu suco e seu caroço
E pensando, quieto
Em como uma fruta só me satisfaz
Me matando a fome e a solidão
E, como se fruta fosse gente
Eu teria, nas tardes vadias
No meio do mato verde
Em dias serenos
Uma mão pra tocar
E muitos sabores pra provar
Mas são doces os nossos sonhos
E difíceis essa fruta
Que se prende, acorrentada
No alto da árvore egoísta
Que me enche de tristeza
Por não ter sido eu
O semeador dessa planta ingrata
Que hoje me nega o gosto fino
Da fruta doce de teus olhos

Farol da Salvação


É preciso saber que os pássaros estão mortos, todos os dias a essa hora a gente os via vindo do rumo do sol, pousar nos galhos da árvore que havia em nossa casa, agora os pássaros não vem mais. Arranjem um luzeiro para que eles vejam o caminho – disse alguém. Nós colocamos o luzeiro, mas os pássaros não mais voltaram à sua árvore. Eram sete os nossos pássaros, como as sete estrelas iguais à do cruzeiro do céu que davam rumo a quem seguiam. Pode ser que eles se foram, pode ser que eles não viram o luzeiro que colocamos para que eles voltassem.

(Grupo Raízes)


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Manifesta!


O que aconteceu no Teatro José de Alencar no dia 18 de setembro foi magnifico, comemorando 30 anos de Massafeira e inspirados pela coletividade que os moveu, o Manifesta juntou muita coisa boa no espaço que, na minha opinião, é o mais bonito da cidade.
Durante as doze horas em que estivemos lá eu vi e vivi uma série de acontecimento que mostraram o quanto aquela noite foi boa, eu vi o Ronald desesperado para comprar o livro, vimos os caras entoando o Hare Krishna durante uma hora na entrada do Teatro!! Vi a ansiedade das pessoas antes de entrar no palco principal e vi também uma perfomance espetacular, sinais de que estávamos para presenciar algo incrível. Houve em seguida o vídeo, com fotos da turma que compunha a massafeira em 1979 e 1980, vale ressaltar a salva de palmas mais do que justas ao grande articulador Augusto Pontes e ao grande poeta Patativa do Assaré - sinal de que suas realizações não estão perdidas! -, aquilo me fez pensar como a produção cultural do Ceará já foi rica, com aquela galera toda se reunindo, pessoas mais velhas, outras mais novas, mas todas com o mesmo espirito de mudar alguma coisa. Em seguida pudemos sentir o gostinho do que foi a Massafeira, o show de Ednardo, Rogerio e Regis, Calé Alencar, Rodger, Chico Pio, Lucio Ricardo (esse é foda) e um baixinho invocado chamado Pingo de Fortaleza. O show desses caras, apesar de erros em algumas musicas, foi algo inesquecível, só aquilo já era suficiente para eu sair de lá com a alma lavada e com a sensação de que senti pelo menos um pouquinho do que foi a Massafeira.
Mas, o grande momento da noite ainda estava para chegar, então em determinado momento Ronald, que estava sumido, volta e diz para gente onde fica o camarim, vamos todos correndo pra lá e entramos mesmo sem autorização. Foi uma briga para entrar no camarim do Ednardo, mas lá fora ao esperar para entrar conhecemos Rogério, Regis, Rodger, Lucio Ricardo e Chico Pio, e para nós eles eram apenas pessoas que admiravamos e que cantavam músicas que gostamos, e naquele momento eles estavam a nossa frente e conversando conosco, foi um dos momentos mais brilhantes da noite. Em seguida descemos para dar uma volta pelo TJA e encontramos várias formas de expressão artistica e para onde você fosse olhasse havia algo para ser apreciado, entre essas andanças encontramos novamente Lucio Ricardo, louco, alucinado e muito entusiasmado, falamos logo da banda (a Vivace), ele conversou com a gente toda a noite, bebemos com ele, falou o que tava achando daquilo tudo, exportamos em sua direção toda a nossa admiração e acredito que ele saiu de lá da forma que todos os artista que estavam na Massafeira deveriam se sentir: Reconhecido! Além de soltar um aueiforisma brilhante: "Gente, nós precisamos nos libertar da Souza Cruz!!".
Fico triste ao pensar o quanto eles não são reconhecidos pelo público, somente alguns poucos escutam e percebem a genialidade deles, estou falando aqui de perceber o talento dessas pessoas, de coloca-lás no seu devido lugar que é de representas da verdadeira Música Cearense. Enfim, o Manifesta foi o maior e melhor evento que aconteceu nos ultimos tempos nessa cidade e foi importante para que a Massafeira fique sempre na nossa memória!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A reprovação


Existe dois alunos que entraram na universidade no ano de 2008, jovens e desconhecendo o feroz ambiente academicista, foram pegos de surpresa com a violenta esculhambação que permeava aquele meio. Porém eles logo criaram meios para se adaptar aquela merda toda, passaram pelos professores dos mais escrotos (desde um pretenso aspirante a Europeu, um pseudo-mestre da música e um bruto, simplesmente bruto) que tentaram de toda forma reprová-los. Meio que alheios a isso e preocupados com outras coisas mais importantes e freqüentando poucas aulas, eles sempre tiveram pouco tempo para se recuperar, pois apenas meses depois das aulas começarem eles iam para elas, por conta disso os professore puxavam brigas, partiam para a grosseria, passavam temas dificílimos, livros enormes e prazos curtíssimos, mas esses alunos sempre conseguiam se desvencilhar, ou com desculpas absurdas como cajueiros caindo em casas, trabalhos que eles insistiram que tinha entregado, quando não os tinham, e ainda doenças absurdas ou mesmo com a velha lábia que resolve quase tudo.

Eis que aparece um nipônico baixinho, com aparência (falsamente) simpática e que nunca foi um grande problema e os reprova sem mais nem ver e sem direito a avaliação final, a sacanagem foi tão grande que eles ficaram atônitos, pois eles foram os primeiros a conseguir fazer isso, da mesma forma que o professor foi o primeiro a conseguir reprová-los.

Enfim, mais uma grande esculhambação do cotidiano academicista em que estamos inseridos, mais nada a dizer.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pensamento Auei.


- Precisamos continuar indo e não pararmos até chegarmos lá.
- Onde estamos indo, homem?
- Não sei, mas precisamos ir...

(Diálogo entre Cassady e Kerouac, nas páginas de On The Road.

Mestres Auei - Parte 4


Continuando, muito tempo depois (bastante), a série Mestres Auei!
Hoje pretendo falar de um cara que para mim é um grande mestre (AUEI), ele chama-se Neal Cassady e está no panteão dos grandes heróis marginais esquecidos por quase todo mundo.

Neal Cassady é o tipo de cara que nasceu para ser um vagabundo, foi criado como um e não negou essa condição quando cresceu, tornou-se um vagabundo por excelência tal qual seu pai era. Seu pai foi um dos maiores vagabundos de Denver e criou o filho nas ruas (ruas essas onde Cassady pedia esmola para seu velho encher a cara e aprendeu os macetes de como viver na rua!) ou em prédios caindo aos pedaços em meio a outros tantos marginais, marginais esses que ensinaram Neal a jogar cartas e a jogar sinuca.
Já mais velho, Neal passou por vários reformatórios e também frequentou várias bibliotecas onde devorou Shakespeare e Proust (muitas vezes não entendendo bem) e fez sua primeira grande viagem relatada por ele no livro On the Road, onde ele se chama Dean Moriarty e é retratado como um grande herói americano, aquele que vaga pelo país em busca apenas dessa liberdade que poucos encontram e Cassady soube como fazer isso, toda sua experiencia nas ruas foi utilizada, em suas viagens sozinho para ver jogos de Baseball ou em suas viagens com Jack Kerouac ao redor dos EUA, e Kerouac mesmo dizia que "Cody é maior motorista de todos os tempos", Cody é como Jack o chama em Visões de Cody (um livro que é um estudo sobre sua personalidade).
Mesmo depois de Kerouac virar careta, Neal continuou na estrada dirigindo onibus para bandas malucas e outros tipos mais estranhos ainda.
Viveu loucamente até a sua morte (morreu estirado ao lado de um trilho no México depois de uma combinação perigosa de drogas), que apesar de trágica mostrou que em nenhum momento ele quis seguir outro estilo de vida, pois quem nasce para ser vagabundo vive até o fim naquela condição e torna-se um mito, ou não, no caso de Neal, sim.
Enfim, Cassady-Moriarty-Cody foi uma personalidade incansável, alguém que viveu no limite (as vezes superando-o), mas que se tornou um ícone para mim e para muitos outros.

Trecho de On The Road em que Cassady descreve sua primeira viagem aos 17 anos!

"Eu trabalhava na lavanderia Nova Era, em Los Angeles, aí falsifiquei meus papéis e fui até o autódromo de Indiana, que ficava a uns três mil quilômetros, com a determinação expressa de assistir à clássica corrida de Memorial Dar, pedindo carona de dia e roubando carros à noite pra ganhar tempo."
"No outono seguinte, aos 17 anos, refiz o mesmo percurso para assistir o jogo entre Notre Dame e Califórnia em South Bend, Indiana e tinha apenas a grana para a entrada, nem um centavo a mais e não comi absolutamente nada na ida e na volta, a não ser o pouco que consegui mendigar de todos os tipos malucos com os quais ia cruzando pela estrada, e das putas também. Fui o único sujeito em todos os Estados Unidos da América que se sujeitou a tamanhas dificuldades somente para assistir um jogo de baseball."

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Geração Auêi está aí!


A Geração Auêi está aí!

A Universidade está na merda (literalmente), uma moralidade imunda e falsa toma conta de estudantes, professores e administradores. Hoje, somos bombardeados com a mesmice de sempre, não vemos nada diferente, nada!
E eis que um novo grupo surge na UECE e no mundo. Desprendido de diversos valores consensuais e tentando mostrar algo diferente, eles não querem revoluções, não querem ler poemas sobre armas, não querem se preocupar em assistir aula. Querem simplesmente curtir o mundo de possibilidades que esse espaço pode nos proporcionar.
Conversam sobre qualquer coisa, estão tranqüilos em relação à vida (quase sempre), estão por dentro das coisas, mas não são esnobes, sabem da importância do saber fora da sala de aula.
Têm como heróis culturais pessoas como Tom Zé, Caetano Veloso, Jack Kerouac, Freddy Krueger, Novos Baianos, Banda dos Meninos, Luiz Gomes, eles são bem do gênero Ronald Rodrigues.
Eles vierem com um sentimento dúbio de desilusão com as mesmas merdas que vinham desde sempre e com o sentimento da esperança que é possível oferecer alternativas. Eles perceberam que não é necessário ajuda de instituições, eles ficaram com vontade e escreveram coisas diferentes, fizeram coisas diferentes e ao mesmo tempo mandaram todos irem tomar no cu! Provaram que é possível sim um grupo de amigos que não querem nada com a vida se juntar e procurarem um pouco mais de diversão, e porque não procurar essa diversão dentro do espaço que eles mais freqüentam?
Eles falam de musica, poesias, bebidas em geral, professores escrotos, mais música, filmes trash e de sacanagem e não sentem necessidade de se achar o máximo por causa disso (não há necessidade).
Eles não querem exatamente acabar com essa caretice e mesmice que dominam o espaço da universidade (mesmo porque para isso seria preciso muita disposição e esforço, e eles não estão dispostos a isso), querem apenas dar uma alternativa á isso tudo.
E não cabe a você aprová-los ou não, porque eles já se infiltraram no seu meio, estão logo atrás de você e cospem e cagam e vomitam as idéias mais loucas, incoerentes e absurdas, mas que carregam uma força inigualável.
Eis a Geração AUÊI!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Professor: Figura divina?

É terrível observar como vivemos num ambiente pretensamente esclarecedor (a universidade) e nos deparamos com personagens que, teoricamente, deveriam representar um signo de educação e apoio. Porém, é vendo e tomando conhecimento de determinados comportamentos que a revolta e tristeza correm por essas linhas.
Até onde vai nossa humanidade? Será que somos comuns nesse aspecto humano, ou será que os professores se reconhecem como figuras divinas e intocáveis? A duvida fica na minha cabeça, não por questões de interesses pessoais ou coisa parecida (o que é muito presente na UECE), mas porque as coisas acabam se revelando a partir das expressões e posições destes diante de alguns alunos (é importante que destaque a palavra “alguns”).
Até onde vai a humanidade de um professor? Onde termina sua condição humana? Onde se inicia a sua condição divina? Seria o professor um ser além da figura humilde e amadora do estudante? Estas são, para mim, questões que, por mais que pareçam absurdas e carregadas de ignorância e imbecilidade, se faz, a cada dia, mais presente e pesada no cotidiano universitário.
Através desse texto, não pretendo ser injusto com alguns professores, chego a reconhecer nessa profissão muito amor e aplicação, além de tantos outros valores e muita dedicação, porém, devo dizer, infelizmente, que tais qualidades partem de poucos.
Por outro lado, é triste o sentimento de frustração e a falta de confiança em se entregar nas mãos dessas pessoas, que chegam a praticar atentados absurdos contra alguns, através de avaliações viciadas, injustas e vingativas, além de se valer irresponsavelmente do poder (divino) que pairam sobre a cabeça desprotegida de alguns alunos.
Professores animalescos, que assumem inumeras máscaras e dividem suas vidas. Professores personagens, assumidamente indiferente às necessidades de alguns alunos e aplicados nos interesses e desejos de outros. É por ver as coisas dessa maneira, e de forma tão abundante que eu fico triste, porque cada indiferença é um tiro, um corte, uma tormenta na vida de qualquer estudante de bom senso. Porque a critica vai além da revolta, ela vai buscar a essência do homem e suas qualidades necessárias, mas nem por isso manifestada ou compartilhada entre os seus semelhantes.
Professores que negam auxilio aos necessitados, que rejeitam o desespero de alguns e que busca, a todo custo, o sucesso para outros. Professores que dividem relações e, ao mesmo tempo, confundem afetos e afinidades, claro, lembrando que isso é contra alguns e a favor de outros. E assim caminha nossa construção educacional no espaço acadêmico, onde a ética se faz escassa e a simples solidariedade se faz negada e ignorada.
Por fim, não pretendo atingir, com esse texto, a imagem dos professores, mas sim a imagem das pessoas que se fantasiam de professores nas horas de ócio e acabam lançando a beleza do educador na lama do egoísmo.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Os meus amigos são um barato (Para o Lucas, Neto, Magão, Camila e tantos outros)


Os meus amigos são um barato, e estou convencido de que sem eles eu não seria ninguém. São eles que voam feito aves livres por dentro de minhas veias e que brotam feito vida rica por entre meus dedos aplicados nos melhores carinhos.
São eles os meus amigos, e são tantos os que riem da alegria multiplicada e igualmente dividida. Eles me encorajam, me impulsionam, me apóiam e me convencem das melhores coisas. São eles cada amor, cada brilho e beleza dos destinos variantes de nossas vidas. E é assim que reconheço em minha alma cada gota oceânica da bruta e fina presença de meus amigos.
São eles os meus amigos, cada rosto intimo de abraços carinhosos, cada gole grosso da seiva saudável de risos e força que me contagia pela via natural dos dias. São tão amigos, tão queridos que acabam impregnando minhas páginas brancas de belas histórias cravadas em meu couro feito tatuagem ou como uma bela renda que cai sobre meu rosto e que enfeita minhas mãos com belos bordados, onde nossa história é traçada por pontos e nós de firmeza, apego e zelo.
São eles os meus amigos, tão fortes e tão frágeis na sua doçura, são pedras na necessidade e brisa na companhia, todos os gritos são para a paz, para a calma e todo frio é para desejar o calor, mais do que isso, são eles tudo o que me faltar, são eles o excesso do que eu mais preciso, são eles o ouro livre da cobiça malvada e que decora coroas e jóias de simples olhares.
São eles os meus amigos, tão amigos e tão queridos nas suas simples presenças que enchem a mesa de graça e calma, cada qual na sua devida importância, são eles cada estrela do céu em suas luzes particulares, mas que se fazem desinteressantes na solidão, porque amizade é somar, é ser mais que um e é, por isso, uma corrente que resiste a qualquer abalo investido por infelizes vazios.
São eles os meus amigos, bondosos nos seus olhares e iluminados nas suas palavras, sábios nos seus passos e pacientes nos desvios dos seus, felizes no decorrer das horas e apaixonados em suas intenções, são muitos os meus amigos, e são muito maiores os seus corações, e, por isso e muito mais que eu não esqueço o quanto que os meus amigos são um barato.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Havia uma pedra no caminho (Viagem AUÊI)



Fim de festa e todos os farristas seguem para suas casas, porém, o último núcleo auêi permanece firme em Palmácia. Assim iniciou a nossa nova epopéia.
Após três dias de muita aueizagem, Netin, Pedim, Gegê e eu pegamos nossos “panos de bunda” e seguimos rumo a Fortaleza. Mal sabíamos o que nos aguardava...
Tudo começa quando sairmos da casa da avó “poderosa chefona” do Pedim. Após merendar na cada dela, executamos o “efeito muriçoca” (barriga cheia e pé na estrada). Já no “Magão Móvel” (entenda como referente ao carro do Pedim), começamos a pegar aquela estrada filha da puta, cheia de buracos, pedras soltas, abismos e muita poeira. E o Pedim, acaralhado do jeito que só ele sabe ser, começou a descer a serra a 300 km por hora. Foi muita adrenalina num ritmo de azaração e pegação, quando de repente o carro passa por cima de um aerólito chibatoso que arrebenta a mangueira da gasolina, impestando o carro com aquele cheiro lombrante, viciante, entorpecente e delicioso de combustível que suamos muito para arrecadar grana para abastecer.
O “prego” naquele momento era evidente. Ficamos ali, vendo a gasolina escorrer em centavos liquidos, e como toda caravana no prego, acabamos ficando ali, vadiando, sem saber o que fazer. Aí surgiu a idéia: Um de nós tinha que voltar a Palmácia e pedir ajuda a família do Pedim, o critério para a seleção foi: Vai quem sempre acaba se fudendo.
E eu fui, pois só eu que atendia a esse critério.
Decidimos pedir carona ao primeiro caminhão que vimos passar. Quando o caminhão parou o Pedim encostou na porta do motorista, todo cheio de luxo, poder e sedução (como ele fazia nos pedágios) e disse:
- Eeeerrrrr, com licença, meu nobre e distinto senhor caminhoneiro, é que nós estamos aqui, no meio desta via, passando por fortes adversidades mecânicas e, por esta razão, eu peço, por obséquio, que o senhor leve este jovem rapaz (apontando pra mim) para Palmácia, para que ele nos traga socorro e nos salve do perigo evidente de estar só nesta estrada nefasta.
Aí o caminhoneiro respondeu:
-Tá, “bora” lá, manda ele “atrepar” na carroceria que “nóis tá cum” pressa.
Aí ao tinha jeito, eu subi naquela porra cheio de pedra e me acomodei da forma mais desacomodante possível, junto com dois peões filhos da puta com a maior cara de punheteiros. Seguimos viagem até determinado ponto, quando o cara pára e manda eu descer. Ele diz que não vai mais seguir até Palmácia e me arrumou, por isso, um mototáxi.
Peguei o Mototáxi e cheguei na casa da avó do Pedim “sem lenço e sem documento”, aplicando logo uma “facada” violenta nela (R$ 2,00 pro mototáxi). E após explicar tudo o que aconteceu e ela ter comunicado o ocorrido ao prestativo tio dele, eu aguardei um tempão enquanto era providenciado o carro para rebocar o “Magão Móvel”. Após conseguir o carro, seguimos ao local onde a fatalidade tinha acontecido. Chegando lá, morto de cansado, preocupado, tenso e nervoso, eu encontro os três fuleragens na maior farra lá, ouvindo musica, cantando, tocando violão e gravando videozinhos medíocres com canções improvisadas que ofendiam a mim e a minha santa mãezinha.
Bem, aquilo foi a gota d’àgua pra mim. Eu, todo mazelado, sequelado e leproso da viagem em caminhão, moto, da espera pelo socorro e pela volta com duas figuras super esquisitas, me deparo com esses porras na maior alegria, como se aquilo fosse a extensão da farra que fizemos no final de semana. Aí não teve jeito, mandei todos tomarem no cu e esmoreci com meu cansaço solidário a quem não merecia.
Por fim, o carro realmente não teve jeito, porque Palmácia é o cu do mundo onde não vende nem mangueira de gasolina, sendo que, até essa data, o carro deve tá lá, na frente da casa da avó dele e nós, coitados, acabamos esperando o ônibus até as 17:00h aproximadamente, num tédio do tamanho do bucho da Quilôa. Voltamos no ônibus em pé, cheio de gente feia e com uma catinga enlouquecedora de vômito (o infeliz que provocou deve ter se entupido de Cheetos). Mas, mesmo com todas esses obstáculos, hoje vemos aquela situação toda de forma engraçada, não interessando os efeitos que aquilo causou no carro, na gente ou nos outros coadjuvantes dessa história, afinal, aprendemos na serra de Palmácia que cada um sabe de si.

Obs sobre a foto: Pedim, viado safado, posando todo serelepe na porra do carro no prego naquela estrada maldita enquanto eu tava sofrendo no lombo de um caminhão.

domingo, 28 de março de 2010

O Leite e a Pera: o cotidiano de um estudante perseguido pelo academicismo.




Era um jovem comum, como todos os outros. Aliás, ser comum dentro de um ambiente tão heterogêneo como o que ele se encontrava era bastante diferente, então não podemos dizer que era como todos os outros, e sim somente um jovem comum. Gostava de chegar cedo, conversar com os amigos, prestar atenção na aula e estudar bastante. Na verdade, no meio universitário poucas pessoas eram como ele devido sua dedicação aos estudos. Tal estereótipo se tornou tão raro hoje em dia que acabou migrando da regra pra exceção. Era um estudante do curso de História da UECE que sempre gostou do que fazia e nunca ofendeu ninguém, era bem comportado e pretendia seguir carreira nessa área que tanto adorava. E por ser tão normal, acabou sendo bem diferente dos outros, podendo até ser enquadrado como uma exceção em seu contexto.
O cotidiano de nosso protagonista na ambiência do bloco H oscilava entre momentos tranqüilos e experiências conturbadas devido a algumas hipocrisias bastante presentes naquela sociabilidade acadêmica, e, é bom dizer, por conta da atitude de certos professores que, em certos momentos, tinham a necessidade de exercer uma pretensa superioridade sobre tudo e todos. Mesmo com tudo isso, nosso estudante conseguia perceber as coisas de maneira distinta de seus colegas em relação às praticas acadêmicas de seu curso. Enquanto todos consideravam essa práticas normais e até corriqueiras, ele resguardava sua própria cosmovisão. O diferencial é que nosso protagonista era capaz de perceber, através da relação existente entre certos professores e alunos, uma certa circularidade de concessões que favoreciam ambos e perpetuavam um sistema deturpado de sociabilidade acadêmica que ele repudiava. Nesse modelo, o prestígio acadêmico era cedido do professor ao aluno se este cedesse sua adequação à certas exigências no que diz respeito à “responsabilidades acadêmicas” que na maioria das vezes, nem mesmo o próprio docente seguia. O prestígio acadêmico, nesse sentido, se dava através de avaliações mais “sensíveis” de provas, preferência em oportunidades de bolsas e etc. Daí a noção de circularidade concessiva, onde o aluno cedia sua obediência e o professor cedia sua preferência. Por sua cosmovisão bastante polêmica daquelas práticas, o estudante passou a ser muito perseguido. Para ele, era inconcebível que o aluno aceitasse certos acontecimentos revoltantes no meio universitário somente por considerar mais cômodo não ocasionar um enfrentamento direto com seus os professores, preferindo sentar em seu prestígio acadêmico tomando leite com pêra.
Esta análise nos leva a entender que, mesmo nesse contexto onde predominava uma noção de que a experiência na academia deva ser regrada, não pela meritocracia, e sim por valores que não tem nada a ver, havia uma exceção que ousava pensar de outro modo. Ou seja, uma vanguarda Auei que buscava romper com o academicismo instaurado.

sábado, 20 de março de 2010

Consumo jovem e Status.




“Você não é o carro que você anda, ou a roupa que usa...”, frase do Clube da Luta, que eu lembrei hoje quando olhei uma foto desse filme. Porque as pessoas se deixam escravizar por essa questão de status, como que uma aparentemente inofensiva posse pode manter o indivíduo completamente dominado e alienado em relação a isso? Invertem-se os valores, o individuo torna-se a posse de determinado objeto, o carro, a roupa, o tênis, o relógio, o perfume, a casa... E por aí vai. A vontade de ser visto hoje leva muitas pessoas, principalmente os jovens, a gastar muito dinheiro com roupa, carro, som do carro, festas caras em que vai usar as roupas caras, no fim são seres superficiais.
Esses jovens ainda estão bastante presos nesse mundo leite-com-pêra, presos a essa vontade de freqüentar lugares em que todos vão (que também é uma forma de consumo, pois depois de consumido aquele lugar, já se busca outro para ir) apenas para mostrar que estão na ultima tendência da moda, que tem um novo tênis, um novo carro, para provar que podem comprar Uísque caro. Alguns dizem que esses jovens compram roupas caras para se sentir bem, mas pesquisando sobre esse tema, encontrei em fóruns de discussão, essas pessoas acham que se vestir bem para eles é apenas a opinião dos outros em relação ao que eles estão usando, “vou para uma festa com essa blusa por que ela chama a atenção.”, infelizmente grande parte da juventude hoje está presa a essa ostentação que muitos não conseguem manter, são bastante endividados, mas não se controlam, e continuam consumindo como loucos e se virando para pagar as contas, vou ficar mais tranqüilo quando as pessoas perguntarem a si antes de fazer as compras se precisam mesmo possuir aquilo e se aquela determinada posse vai fazê-los crescer em algo, ou se estão apenas em busca de status.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Artigo Auei - Uma análise histórica da formação do Auei-ismo. (Continuação)

Peço desculpas pela demora de publicar esta continuação, e também pelo longo período de afastamento de meus compromissos enquanto praticante da doutrina Auei. Na verdade o que aconteceu é que eu acabei esquecendo de postar o resto desse texto e só me lembrei agora. Enfim, deleitem-se.

O Movimento Auei: A Revolução na Práxis Acadêmica.

Por: Bruno Rodrigues Costa.

Parte III: Dos valores que tem tudo a ver

O que significam os valores que tem tudo a ver? Quais são as inovações no modo de fazer a vida universitária dentro do Auei-ismo? Já que o academicismo era tão criticado, o que o Movimento Auei propõe? O pensamento Auei, e sua nova maneira de pensar a sociedade a partir dos valores que tem tudo a ver, será revolucionário, pois irá defender uma sociedade que reconheça a sua consciência desajustada, suas próprias contradições. O projeto do Movimento Auei é de uma reinterpretação dos valores da modernidade, reconhecendo os “pinos redondos nos buracos quadrados”1 da civilização atual e como eles representam a verdadeira força motriz da história. Defende o fim de uma convivência autodestrutiva e a conscientização das pessoas de que, segundo Ronald Rodrigues, “nós somos seres indivíduo-coletivos e precisamos apenas reconhecer essa nossa natureza para podermos viver de maneira Auei.”2, devemos formar valores políticos, acadêmicos e culturais que contemplem tanto o indivíduo quanto a coletividade, uma articulação das micro com as macro-felicidades, de modo que todos possam viver bem, conviver livres e gritar Auei!
No âmbito da UECE, o Movimento Auei vai romper com a hipocrisia do academicismo e criar um novo paradigma de experimentação do curso através da doutrina da não-separação do binômio pensamento-comportamento. Os Auei-istas pretendem transformar o cotidiano da vida universitária sendo contrários ao esquema pedagógico unilateral de cima pra baixo vigente e mostrando à todos que a universidade é um espaço de experimentação e produção de saber diferenciado com possibilidades imensas!

Parte IV: Do Auei total ao Auei em migalhas.

O que se entende por Auei total, é a perspectiva de pensar o auei-ismo dentro do conjunto de práticas que remetem aos valores que tem tudo a ver, sem dissociá-las de um quadro mais abrangente de paradigmas auei-ísticos. Ou seja, o auei-ismo totalizante só se dá dentro de um entendimento de que não se pode aderir ao conjunto de idéias e práticas aueis somente nos momentos convenientes, e sim, deve-se permanecer atuando, seja produzindo intelectualmente ou em suas práticas cotidianas, seguindo uma linha de raciocínio de ruptura com os valores que não tem nada a ver, e mantendo uma coerência entre o seu discurso e o verdadeiramente cumprido. Não se enquadra na perspectiva totalizante do auei-ísmo aquele que se diz distante dos valores academicistas ultrapassados e de toda a podridão de hipocrisia que ronda os corredores universitários, e, na primeira ocasião, se curva diante dos doutores que vomitam a alcunha da mediocridade em cima dos alunos a todo momento, em troca de uma futura possibilidade de financiamento ou até de um falso prestígio acadêmico. Algo que é discutido por Germano “Magão” em sua conceituação de Prostituição Acadêmica. Para o auei-ísmo totalizante, é preciso ser íntegro em relação à manutenção de suas práticas aueis em seu cotidiano. Porém, é importante entender que vivemos em uma sociabilidade acadêmica que é bastante comprometida para os valores que tem tudo a ver, e que se baseia em disputas selvagens por prestígio acadêmico longe de serem meritocráticas, o que torna complicado a vida do praticante do auei-ísmo. É possível sobreviver dentro deste meio mantendo suas práticas de contestação, sendo que, para isso, é necessário bastante confiança e integridade, qualidades que vem se perdendo cada vez mais.
O que se percebe nos dias de hoje é uma verdadeira pulverização do espírito Auei no âmbito de sua propagação e manutenção cotidiana. A partir do momento em que são deixadas de lado convicções ideológicas sobre o academicismo para se encaixar nos moldes requeridos pelos mesmos doutores que lhe chamam de medíocre, o auei-ísmo vai se partindo e se esmigalhando. Daí a conceituação de Auei-ísmo em Migalhas, por não ter perspectiva totalizante e ser fragmentado no âmbito das práticas rotineiras. Este modo de conceber o auei-ísmo faz com que se torne aceitável perceber a hipocrisia academicista do dia-a-dia, através de uma releitura dos paradigmas da contemporaneidade pelo viés dos valores que tem tudo a ver, e atuar de maneira contestadora somente quando for conveniente, em práticas aueis dissociadas do ideário maior do auei-ísmo. Torna possível, também, uma apropriação, por parte de seus ditos seguidores, somente de aspectos da doutrina Auei que não entrem em confronto com a comodidade do academicismo. Algo que carece de ser refletido.
O que se entende então é que este rumo que toma o pensamento Auei, à uma cada vez maior fragmentação de sua doutrina, é perigoso, e deve ser analisado de maneira mais profunda para que se chegue a uma solução. Talvez um combate à uma tendência leite-com-perista ou até uma releitura do próprio Auei-ísmo.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Comentário sobre “A incrível caixa mágica chamada TELEVISÃO”.


Estamos perdidos! E não é um simples aparelho como a tal “caixa mágica” que nos induz a isso. A verdade é que estamos perdidos porque passamos a valorizar a futilidade, o imoral e o entorpecente. Penso a “caixa mágica” como uma arma irresponsável criada pelos grandes interesses em propagar a ignorância e a conseqüente incapacidade de questionar, porque é calado que somos frágeis e induzidos.
A “caixa mágica” é a ponta do iceberg, além dela existe a doutrinação social que consiste em lançar modas, tendências comportamentais e que, em extremos, libera e reprime determinados gestos humanos, por mais simples que sejam. Somos treinados a agir de forma padronizada. Não podemos comer sobremesa com a colher da sopa e nem muito menos podemos falar sobre o que nos incomoda, ainda mais quando a causa disso está relacionada com a insatisfação de viver sob a ordem social que insiste em nos apontar caminhos.
Somos produtos da TV Globo, das revistas de fofoca, do penteado do Chimbinha e das ordens dos nossos superiores. São eles que nos orientam rumo à debilidade da mente, da crítica e da consciência, fazendo-nos crer que a cada dia estamos mais próximos da luz e da independência, quando, na verdade, acabamos por nos prender mais e mais na rede da imbecilidade e do “leitecomperismo”. Somos escravos do dinheiro, das grifes e da cultura imposta, somos reféns da “tendência jovem” que rasga a “caixa mágica” às 17h e tanto com “Malhação” e que finda a noite mostrando a “realidade” brasileira limitada sempre, sempre e sempre ao bairro do Leblon.
A televisão é a cartilha da dominação. As revistas, o orkut, a sala de aula, o conselho do pai, os cartazes que divulgam shows, a missa, a conversa de bar, o “toque”, a fofoca, os movimentos políticos, a anarquia, a palavra do Lula, o cinema, a musica, as artes, poesia, a panfletagem nos grandes centros, a informação da atualidade nos jornais, o programa de culinária, a amizade com os inimigos e tantas outras coisas nocivas são legitimadores da alienação. São esses os fatores que possibilitam a fabricação de capachos servis para o projeto de nação que somos e que não pretende ser livre. É nessa realidade que vivemos e interagimos, construindo essa marca doente na sociedade, somos dominados e induzidos, somos fracos e viciados e, mesmo assim, muitos estão longe de reconhecer isso.
Eis aí, para isso, a “caixa mágica”, a janela pela qual, numa atitude suicida, nos atiramos e caímos sobre o fundo do poço vazio, escuro e pobre.

A incrível caixa mágica chamada TELEVISÃO.


Olá queridos espectadores! Quer dizer, tele-leitores ou seria melhor leitorespectadores? Sinceramente, eu nem sei mais, hoje em dia ninguém perde mais tempo lendo devaneios tolos de alguém como eu. Na verdade, ninguém perde mais tempo lendo coisa alguma. A caixa mágica não permite, ela nos suga, nos aprisiona e nos escraviza. A caixa mágica rege as nossas vidas, dita nossos horários e manipula nossas mentes. O quê? Não acredita em mim? É, acho que você já foi bem domesticado. Os indícios de sua influência estão bem ao alcançe dos olhos, basta perceber. Para onde estão voltados os movéis da sua casa? Quem dita o que é moda, o que é mais gostoso de se comer e o que como se deve agir? Coincidentemente, a caixa mágica!
Não pense, não reflita, seja um espectador, nunca protagonista na sua vida, aceite, aceite,você é o que veste, o que come, aceite,aceite, fique sentando em sua cama ou poltrona calado, não mude de canal, aceite,aceite...tic,tic...Tudo ficou tão escuro de repente, a luz da caixa mágica parou de ofuscar nossa visão e ainda estamos nos acostumando a enxergar por nós mesmos. Com tempo nossos olhos pararão de arder. Vamos caminhar um pouco? Hoje o luar está lindo e você não o vê a um bom tempo...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Olá pessoal!

O blogauei esteve em falta com vocês durante esse tempo todo em razão de puro desleixo e preguiça (falo mesmo!). Mas é pedindo desculpas que eu espero poder, aos poucos, voltar a ativa e dividir com vocês um pouco dos nossos delírios, acessos e desequilíbrios existenciais. De (re)início, trago pra vocês uma coisinha pouca que eu escrevi em resposta a uma série de reflexões que eu venho tendo ultimamente.

A Pedra.

Eu sou uma pedra. E sou, como tantas outras pedras, testemunha da história. Por mim muita coisa passou, muita gente sentou e chorou, eu fui o descanso para muitos viajantes que por mim passaram e que, de certo modo, para sempre ficaram. Foi sobre minhas costas que a moça sentou e chorou, foi sob esse sol belo e constante que eu sempre existi. Sim, eu sou uma pedra, e não me faço diferente de tantas outras que enfeitam belíssimos anéis, mas que por trás escondem falsas promessas de amor. Eu fui morada para muitos, fui muro, fui encosto, cheguei até a ser arma de mulher enciumada, e depois de tanto existir, vi que continuei a ser pedra, até mesmo quando rolei montanha abaixo, ali eu era pedra, e muito antes mesmo dos gritos tupis rasgando florestas adentro, eu era pedra. Pois é, eu sempre fui pedra, mesmo trazendo em mim signos pré históricos, riscos tão antigos quanto nossos sonhos, e que, por ser assim, muitos pretensos acham que me conhecem. Até mesmo sob a sombra de árvores extintas eu sempre fui pedra. E foi assim, sendo pedra, que eu permaneci até hoje, convicto de quem eu sou.