segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Fruta Doce

Fruta doce que cai sobre meus olhos
E me enche de vontade
Que me desperta a inveja tola
E me enche de terror
Fruta doce que esconde seu gosto
Na esquina do universo
Me deixando o desespero
De não ter sequer uma vara
Para te cutucar daqui debaixo
Do buraco onde estou
Alucinado a te buscar
No mais alto dos galhos
Das mais altas nuvens
Dos mais altos sonhos
Onde eu posso te ver
No cacho lindo dos teus olhos
De fruta doce
De mel grosso e cristalino
Onde busco com minha boca
Refrescar minha secura
Com a fina pele de tua casca
Com a fibra viva de teu amor
Que espalha a alegria de uma flor qualquer
Perdida no meio dos galhos, das mães
Onde o vento voa
E leva teu aroma maduro
Nas ondas de ventos salgados
De terra fina a me ferir
E me encher os olhos de sal
Pra me punir por ser tão mal
E querer pra mim o doce
De uma fruta linda
Onde, feliz, eu poderia
Passar tardes inteiras
Feito menino
Chupando seu suco e seu caroço
E pensando, quieto
Em como uma fruta só me satisfaz
Me matando a fome e a solidão
E, como se fruta fosse gente
Eu teria, nas tardes vadias
No meio do mato verde
Em dias serenos
Uma mão pra tocar
E muitos sabores pra provar
Mas são doces os nossos sonhos
E difíceis essa fruta
Que se prende, acorrentada
No alto da árvore egoísta
Que me enche de tristeza
Por não ter sido eu
O semeador dessa planta ingrata
Que hoje me nega o gosto fino
Da fruta doce de teus olhos

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