segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A reprovação


Existe dois alunos que entraram na universidade no ano de 2008, jovens e desconhecendo o feroz ambiente academicista, foram pegos de surpresa com a violenta esculhambação que permeava aquele meio. Porém eles logo criaram meios para se adaptar aquela merda toda, passaram pelos professores dos mais escrotos (desde um pretenso aspirante a Europeu, um pseudo-mestre da música e um bruto, simplesmente bruto) que tentaram de toda forma reprová-los. Meio que alheios a isso e preocupados com outras coisas mais importantes e freqüentando poucas aulas, eles sempre tiveram pouco tempo para se recuperar, pois apenas meses depois das aulas começarem eles iam para elas, por conta disso os professore puxavam brigas, partiam para a grosseria, passavam temas dificílimos, livros enormes e prazos curtíssimos, mas esses alunos sempre conseguiam se desvencilhar, ou com desculpas absurdas como cajueiros caindo em casas, trabalhos que eles insistiram que tinha entregado, quando não os tinham, e ainda doenças absurdas ou mesmo com a velha lábia que resolve quase tudo.

Eis que aparece um nipônico baixinho, com aparência (falsamente) simpática e que nunca foi um grande problema e os reprova sem mais nem ver e sem direito a avaliação final, a sacanagem foi tão grande que eles ficaram atônitos, pois eles foram os primeiros a conseguir fazer isso, da mesma forma que o professor foi o primeiro a conseguir reprová-los.

Enfim, mais uma grande esculhambação do cotidiano academicista em que estamos inseridos, mais nada a dizer.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pensamento Auei.


- Precisamos continuar indo e não pararmos até chegarmos lá.
- Onde estamos indo, homem?
- Não sei, mas precisamos ir...

(Diálogo entre Cassady e Kerouac, nas páginas de On The Road.

Mestres Auei - Parte 4


Continuando, muito tempo depois (bastante), a série Mestres Auei!
Hoje pretendo falar de um cara que para mim é um grande mestre (AUEI), ele chama-se Neal Cassady e está no panteão dos grandes heróis marginais esquecidos por quase todo mundo.

Neal Cassady é o tipo de cara que nasceu para ser um vagabundo, foi criado como um e não negou essa condição quando cresceu, tornou-se um vagabundo por excelência tal qual seu pai era. Seu pai foi um dos maiores vagabundos de Denver e criou o filho nas ruas (ruas essas onde Cassady pedia esmola para seu velho encher a cara e aprendeu os macetes de como viver na rua!) ou em prédios caindo aos pedaços em meio a outros tantos marginais, marginais esses que ensinaram Neal a jogar cartas e a jogar sinuca.
Já mais velho, Neal passou por vários reformatórios e também frequentou várias bibliotecas onde devorou Shakespeare e Proust (muitas vezes não entendendo bem) e fez sua primeira grande viagem relatada por ele no livro On the Road, onde ele se chama Dean Moriarty e é retratado como um grande herói americano, aquele que vaga pelo país em busca apenas dessa liberdade que poucos encontram e Cassady soube como fazer isso, toda sua experiencia nas ruas foi utilizada, em suas viagens sozinho para ver jogos de Baseball ou em suas viagens com Jack Kerouac ao redor dos EUA, e Kerouac mesmo dizia que "Cody é maior motorista de todos os tempos", Cody é como Jack o chama em Visões de Cody (um livro que é um estudo sobre sua personalidade).
Mesmo depois de Kerouac virar careta, Neal continuou na estrada dirigindo onibus para bandas malucas e outros tipos mais estranhos ainda.
Viveu loucamente até a sua morte (morreu estirado ao lado de um trilho no México depois de uma combinação perigosa de drogas), que apesar de trágica mostrou que em nenhum momento ele quis seguir outro estilo de vida, pois quem nasce para ser vagabundo vive até o fim naquela condição e torna-se um mito, ou não, no caso de Neal, sim.
Enfim, Cassady-Moriarty-Cody foi uma personalidade incansável, alguém que viveu no limite (as vezes superando-o), mas que se tornou um ícone para mim e para muitos outros.

Trecho de On The Road em que Cassady descreve sua primeira viagem aos 17 anos!

"Eu trabalhava na lavanderia Nova Era, em Los Angeles, aí falsifiquei meus papéis e fui até o autódromo de Indiana, que ficava a uns três mil quilômetros, com a determinação expressa de assistir à clássica corrida de Memorial Dar, pedindo carona de dia e roubando carros à noite pra ganhar tempo."
"No outono seguinte, aos 17 anos, refiz o mesmo percurso para assistir o jogo entre Notre Dame e Califórnia em South Bend, Indiana e tinha apenas a grana para a entrada, nem um centavo a mais e não comi absolutamente nada na ida e na volta, a não ser o pouco que consegui mendigar de todos os tipos malucos com os quais ia cruzando pela estrada, e das putas também. Fui o único sujeito em todos os Estados Unidos da América que se sujeitou a tamanhas dificuldades somente para assistir um jogo de baseball."