quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Cenas Aueis!

Coverdale: "expulsamos o ACDC do palco em 74"

Palavras de Coverdale (atual vocal do Whitesnake, ex do Deep Purple):

"O Deep Purple foi para a Austrália em 1974 para um show... sim, UM show! Foi no Festival de Sunbury do lado de fora de Melbourne, no ápice do verão australiano, e chegamos lá na mais violenta tempestade de verão - curiosamente havíamos acabado de lançar o ‘Stormbringer’!. Os promotores do evento decidiram bravamente seguir adiante com o festival, mas era uma dificuldade imensa: o vento uivava, era congelante e promovia um verdadeiro banho de lama. Toda a platéia estava em um lamaçal. Eles se cobriam com capas plásticas e pareciam uma imensa convenção de camisinhas!"

“Após uma menos que satisfatória apresentação, deixamos o palco e fomos para nossos carros. De repente, ouvimos uma música vinda do palco. Aparentemente, uma jovem banda australiana subira ao palco, plugaram (seus instrumentos) em nossos equipamentos e começaram a tocar! Bem, foi o inferno... nossos roadies brigaram com a banda para tirar deles nosso equipamento e fazê-los descer do palco. Caos e traquinagens sucederam-se e eles lá tocando, não importando-se com nada, apenas com a felicidade de seus jovens fãs!".

“Aqueles bravos rapazes eram ninguém menos que o AC/DC! Eu fiquei bobo quando os ouvi, achei-os muito bons!"


Nas adversidades é que se descobre o quão alegre pode ser o momento!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pensamento Auei!


"Quando a mesa cresce, a cultura desaparece."



Faltava a nós Auei's registrar um pensamento do grande Augusto Pontes, incontestável influência para nós!

Crescendo, Crescendo...


Crescendo, crescendo, feito grito de ordem que desordena juízos, de forma disforme, construindo muros tortos de proteção, cercas falhas de idéias geniais. E cresce como os maiores humores da vida, das palavras trilhadas e dos sons emitidos. Crescemos num mundo que corre sobre a lavoura fértil de talentos, de poesias e sorrisos vermelhos, feito gotas de sangue na estrada longa da alegria.
Crescendo, crescendo na beira mar, numa folia marcada em meio a areais abafados de calores humanos, onde dançam os índios embriagados de mel e cajus, e seguimos assim, na brincadeira bonita de nossa juventude, de corpos sãos, resistentes a dança e aos excessos, somos assim, crescentes estrelas que brilham na noite vazia das matas e das pequenas cidades, iluminando os olhos claros das crianças e o coração desconfiado das meninas. Crescemos para maiores sermos, onde queremos, no alto de um farol, ser percebidos pelo que somos, sem máscaras, sem palavras mecânicas e profunda racionalidade, queremos sim, mais do que tudo, crescer em expressão de momentos, quem sabe perpétuos, de nossas vidas eternas.
Surge a luz que cresce no fim da estrada escura, na casa escura, na mata escura, e vai crescendo, iluminando campos limpos por onde o gado pasta e produz sob o céu e o sol de maio, carregando no decorrer dos anos uma flor que espalha cheiros e que perfuma nossas carnes, fazendo grandes os nossos braços para o trabalho e leve as nossas mãos para o amor e para a triste viola das noites de serenata, de lua branca e insônia, de alma vaga a voar até nascer do dia.
Voa na ventania da vila, com asas que crescem e se transformam, pelas lindas plumagens, no mais bonito dos pássaros, e voa sobre os telhados das casas e pousa na janela do sobrado, e fica quieto, parado, permitindo ser admirado por quem quer que o observe, fazendo, com isso, que o amor cresça na alma de cada criatura e transforme, também, os dias futuros em dias de amor.
Encha nossas ruas de doces e purezas do trabalho de nossa casa, lançando ao céu a canção que nos diz os melhores caminhos e as melhores maneiras para viver. Encha nossas casas, nossos quartos e nossos móveis com o cheiro de tua companhia, de tuas toalhas guardadas no guarda-roupa e do leite a ferver na cozinha, sob a incansável vigília de Maria, para que não se derrame de novo sobre o fogo e a lenha ardente, causando-nos o arrepio e a estranheza das armadilhas da vida.
Crescendo e cresceu. E cresceu tanto que até mesmo nas mais simples brincadeiras, nas mais humildes palavras e nos gestos mais comuns percebemos como cresceu, e cresceu tanto que ficou grande para caber em nossas mãos, e, por isso, nos restou matar a mesquinhez que existia em nós e criarmos, em seu lugar, a generosidade limpa e benéfica que nos ajuda a crescer e a iluminar nossas cabeças. Cresceu e ficou tão bonito que nos restou apenas compartilhar com o mundo um pouco do grande que tínhamos conosco e que antes ficávamos simplesmente sentados, observando seu crescimento, e ia crescendo, crescendo, e víamos tudo aquilo num transe divino, onde esse crescimento tomava a forma de um mundo inteiro, e que podíamos nos lançar nesse mundo e pousar onde quiséssemos pousar. Era como se nos atirássemos das mais altas nuvens, e rodopiássemos no espaço tantas e tantas vezes que seria impossível contar nossos giros e muito menos sentir saudade de qualquer coisa, pois rodaríamos feito folha seca no meio do terreiro.
E nunca parou de crescer, pois meus irmãos, assim como eu, cresceram após nascerem, e crescemos tanto que hoje somos o que somos, e continuamos a crescer e a ficar mais bonitos. E se acaso hoje, no meio de uma canção qualquer, eu ouço alguém dizer “crescendo, crescendo”, eu sorrio e entendo claramente como conseguimos chegar aonde chegamos.

Fruta Doce

Fruta doce que cai sobre meus olhos
E me enche de vontade
Que me desperta a inveja tola
E me enche de terror
Fruta doce que esconde seu gosto
Na esquina do universo
Me deixando o desespero
De não ter sequer uma vara
Para te cutucar daqui debaixo
Do buraco onde estou
Alucinado a te buscar
No mais alto dos galhos
Das mais altas nuvens
Dos mais altos sonhos
Onde eu posso te ver
No cacho lindo dos teus olhos
De fruta doce
De mel grosso e cristalino
Onde busco com minha boca
Refrescar minha secura
Com a fina pele de tua casca
Com a fibra viva de teu amor
Que espalha a alegria de uma flor qualquer
Perdida no meio dos galhos, das mães
Onde o vento voa
E leva teu aroma maduro
Nas ondas de ventos salgados
De terra fina a me ferir
E me encher os olhos de sal
Pra me punir por ser tão mal
E querer pra mim o doce
De uma fruta linda
Onde, feliz, eu poderia
Passar tardes inteiras
Feito menino
Chupando seu suco e seu caroço
E pensando, quieto
Em como uma fruta só me satisfaz
Me matando a fome e a solidão
E, como se fruta fosse gente
Eu teria, nas tardes vadias
No meio do mato verde
Em dias serenos
Uma mão pra tocar
E muitos sabores pra provar
Mas são doces os nossos sonhos
E difíceis essa fruta
Que se prende, acorrentada
No alto da árvore egoísta
Que me enche de tristeza
Por não ter sido eu
O semeador dessa planta ingrata
Que hoje me nega o gosto fino
Da fruta doce de teus olhos

Farol da Salvação


É preciso saber que os pássaros estão mortos, todos os dias a essa hora a gente os via vindo do rumo do sol, pousar nos galhos da árvore que havia em nossa casa, agora os pássaros não vem mais. Arranjem um luzeiro para que eles vejam o caminho – disse alguém. Nós colocamos o luzeiro, mas os pássaros não mais voltaram à sua árvore. Eram sete os nossos pássaros, como as sete estrelas iguais à do cruzeiro do céu que davam rumo a quem seguiam. Pode ser que eles se foram, pode ser que eles não viram o luzeiro que colocamos para que eles voltassem.

(Grupo Raízes)


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Manifesta!


O que aconteceu no Teatro José de Alencar no dia 18 de setembro foi magnifico, comemorando 30 anos de Massafeira e inspirados pela coletividade que os moveu, o Manifesta juntou muita coisa boa no espaço que, na minha opinião, é o mais bonito da cidade.
Durante as doze horas em que estivemos lá eu vi e vivi uma série de acontecimento que mostraram o quanto aquela noite foi boa, eu vi o Ronald desesperado para comprar o livro, vimos os caras entoando o Hare Krishna durante uma hora na entrada do Teatro!! Vi a ansiedade das pessoas antes de entrar no palco principal e vi também uma perfomance espetacular, sinais de que estávamos para presenciar algo incrível. Houve em seguida o vídeo, com fotos da turma que compunha a massafeira em 1979 e 1980, vale ressaltar a salva de palmas mais do que justas ao grande articulador Augusto Pontes e ao grande poeta Patativa do Assaré - sinal de que suas realizações não estão perdidas! -, aquilo me fez pensar como a produção cultural do Ceará já foi rica, com aquela galera toda se reunindo, pessoas mais velhas, outras mais novas, mas todas com o mesmo espirito de mudar alguma coisa. Em seguida pudemos sentir o gostinho do que foi a Massafeira, o show de Ednardo, Rogerio e Regis, Calé Alencar, Rodger, Chico Pio, Lucio Ricardo (esse é foda) e um baixinho invocado chamado Pingo de Fortaleza. O show desses caras, apesar de erros em algumas musicas, foi algo inesquecível, só aquilo já era suficiente para eu sair de lá com a alma lavada e com a sensação de que senti pelo menos um pouquinho do que foi a Massafeira.
Mas, o grande momento da noite ainda estava para chegar, então em determinado momento Ronald, que estava sumido, volta e diz para gente onde fica o camarim, vamos todos correndo pra lá e entramos mesmo sem autorização. Foi uma briga para entrar no camarim do Ednardo, mas lá fora ao esperar para entrar conhecemos Rogério, Regis, Rodger, Lucio Ricardo e Chico Pio, e para nós eles eram apenas pessoas que admiravamos e que cantavam músicas que gostamos, e naquele momento eles estavam a nossa frente e conversando conosco, foi um dos momentos mais brilhantes da noite. Em seguida descemos para dar uma volta pelo TJA e encontramos várias formas de expressão artistica e para onde você fosse olhasse havia algo para ser apreciado, entre essas andanças encontramos novamente Lucio Ricardo, louco, alucinado e muito entusiasmado, falamos logo da banda (a Vivace), ele conversou com a gente toda a noite, bebemos com ele, falou o que tava achando daquilo tudo, exportamos em sua direção toda a nossa admiração e acredito que ele saiu de lá da forma que todos os artista que estavam na Massafeira deveriam se sentir: Reconhecido! Além de soltar um aueiforisma brilhante: "Gente, nós precisamos nos libertar da Souza Cruz!!".
Fico triste ao pensar o quanto eles não são reconhecidos pelo público, somente alguns poucos escutam e percebem a genialidade deles, estou falando aqui de perceber o talento dessas pessoas, de coloca-lás no seu devido lugar que é de representas da verdadeira Música Cearense. Enfim, o Manifesta foi o maior e melhor evento que aconteceu nos ultimos tempos nessa cidade e foi importante para que a Massafeira fique sempre na nossa memória!