segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Comentário sobre “A incrível caixa mágica chamada TELEVISÃO”.


Estamos perdidos! E não é um simples aparelho como a tal “caixa mágica” que nos induz a isso. A verdade é que estamos perdidos porque passamos a valorizar a futilidade, o imoral e o entorpecente. Penso a “caixa mágica” como uma arma irresponsável criada pelos grandes interesses em propagar a ignorância e a conseqüente incapacidade de questionar, porque é calado que somos frágeis e induzidos.
A “caixa mágica” é a ponta do iceberg, além dela existe a doutrinação social que consiste em lançar modas, tendências comportamentais e que, em extremos, libera e reprime determinados gestos humanos, por mais simples que sejam. Somos treinados a agir de forma padronizada. Não podemos comer sobremesa com a colher da sopa e nem muito menos podemos falar sobre o que nos incomoda, ainda mais quando a causa disso está relacionada com a insatisfação de viver sob a ordem social que insiste em nos apontar caminhos.
Somos produtos da TV Globo, das revistas de fofoca, do penteado do Chimbinha e das ordens dos nossos superiores. São eles que nos orientam rumo à debilidade da mente, da crítica e da consciência, fazendo-nos crer que a cada dia estamos mais próximos da luz e da independência, quando, na verdade, acabamos por nos prender mais e mais na rede da imbecilidade e do “leitecomperismo”. Somos escravos do dinheiro, das grifes e da cultura imposta, somos reféns da “tendência jovem” que rasga a “caixa mágica” às 17h e tanto com “Malhação” e que finda a noite mostrando a “realidade” brasileira limitada sempre, sempre e sempre ao bairro do Leblon.
A televisão é a cartilha da dominação. As revistas, o orkut, a sala de aula, o conselho do pai, os cartazes que divulgam shows, a missa, a conversa de bar, o “toque”, a fofoca, os movimentos políticos, a anarquia, a palavra do Lula, o cinema, a musica, as artes, poesia, a panfletagem nos grandes centros, a informação da atualidade nos jornais, o programa de culinária, a amizade com os inimigos e tantas outras coisas nocivas são legitimadores da alienação. São esses os fatores que possibilitam a fabricação de capachos servis para o projeto de nação que somos e que não pretende ser livre. É nessa realidade que vivemos e interagimos, construindo essa marca doente na sociedade, somos dominados e induzidos, somos fracos e viciados e, mesmo assim, muitos estão longe de reconhecer isso.
Eis aí, para isso, a “caixa mágica”, a janela pela qual, numa atitude suicida, nos atiramos e caímos sobre o fundo do poço vazio, escuro e pobre.

8 comentários:

  1. Muito fodas as críticas do Rolald e do Preto. Gostei. Mas é bom lembrar que a televisão, assim como o rádio, o papel, a caneta, o tambor são apenas meios de propagar informação. A forma como esses meios são utilizados é a grande questão. Claro que a política de comunicação do Brasil, como do resto do mundo, não abre espaço pra que eu, você e qualquer brasileiro que não dispõe de milhões tenha espaço na televisão como em qualquer outro veículo, a não ser para aparecer preso ou assassinado nos "barras pesadas" da vida. É importante lembrar que o que é nocivo não é a "caixa mágica" em si, mas sim a intenção de quem está por detrás dela.

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  2. O "X" da questão está aí. É preciso identificar quem (ou o quê) molda as noticias e todo o conteúdo que os veículos de comunicação (e não somente televisão) propaga e, consequentemente, quais os objetivos e interesses envolvidos.
    A "caixa mágica" apenas assume um papel de "arma" para executar tal projeto de orientação. Longe dela ser um aparelho satânico de vontade própria, pelo contrário, seria bastante enriquecedor se determinados programas educativos que passam de madrugada ocupassem o lugar do "Vale a pena ver de novo", por exemplo.

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  3. Mas o problema consiste numa prática de construção cultural não-espontânea. Temos o Big Brother, que propõe a análise sobre seres humanos convivendo num espaço comum, porém, é preciso entender que aquilo não é um cotidiano espontâneo, e sim contruído para conquistar o ibope. Nesse aspecto, o que não era espontâneo passa, de certo modo, a ser, porque o publico absorve aquilo alí e passa a agir, a falar e a se vestir como aqueles representantes de uma "realidade artificialmente construida".

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  4. O que quero dizer é que estamos presenciando um momento em que as transformações ocorrem dentro dos estúdios e que a televisão, por sua vez, é um elo que liga essas transformações aos transformados. Não existe mais uma realidade 100% vivenciada, porque muitas coisas que conhecemos tem sua origem na televisão (e, por isso, muitas vezes não podemos afirmar sua veracidade). Longe disso tudo ser uma crítica ao aparelho de televisão, pois como eu já disse, a televisão é capaz de assumir um papel enriquecedor para a formação do ser humano, o que falta realmente é uma ordem lá de cima permitindo isso. Apenas acho que não só a Televisão, mas qualquer outro veículo de comunicação é indigno de nossa confiança, uma vez que a notícia é contruída da maneira que melhor convém aos grandes grupos representados por esses veículos.

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  5. Concordo em tudo que o Carlitos disse. Mas me referi a TV como caixa mágica mais como uma metáfora/alegoria, ela sozinha não traz perigo algum. Agora quando entra em jogo interesses políticos, dinheiro, consumismo, a manipulação de opinião, a aceitação de valores ditos "legais" que a TV que nor enfiar goela abaixo. Ai, está o "X" da questão como o Ronald disse. A TV, assim como o rádio, o jornal, a revista são veículos de informação. O "Y" da questão seria agora: Quem controla a caixa mágica?

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  6. esse debate é o mesmo que gira em torno das armas: "Guns don't kill people. People kill People"

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  7. P.S.: "Somos produtos da TV Globo, das revistas de fofoca, do penteado do Chimbinha..."

    Genial, Ronald...

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