quarta-feira, 14 de julho de 2010

Havia uma pedra no caminho (Viagem AUÊI)



Fim de festa e todos os farristas seguem para suas casas, porém, o último núcleo auêi permanece firme em Palmácia. Assim iniciou a nossa nova epopéia.
Após três dias de muita aueizagem, Netin, Pedim, Gegê e eu pegamos nossos “panos de bunda” e seguimos rumo a Fortaleza. Mal sabíamos o que nos aguardava...
Tudo começa quando sairmos da casa da avó “poderosa chefona” do Pedim. Após merendar na cada dela, executamos o “efeito muriçoca” (barriga cheia e pé na estrada). Já no “Magão Móvel” (entenda como referente ao carro do Pedim), começamos a pegar aquela estrada filha da puta, cheia de buracos, pedras soltas, abismos e muita poeira. E o Pedim, acaralhado do jeito que só ele sabe ser, começou a descer a serra a 300 km por hora. Foi muita adrenalina num ritmo de azaração e pegação, quando de repente o carro passa por cima de um aerólito chibatoso que arrebenta a mangueira da gasolina, impestando o carro com aquele cheiro lombrante, viciante, entorpecente e delicioso de combustível que suamos muito para arrecadar grana para abastecer.
O “prego” naquele momento era evidente. Ficamos ali, vendo a gasolina escorrer em centavos liquidos, e como toda caravana no prego, acabamos ficando ali, vadiando, sem saber o que fazer. Aí surgiu a idéia: Um de nós tinha que voltar a Palmácia e pedir ajuda a família do Pedim, o critério para a seleção foi: Vai quem sempre acaba se fudendo.
E eu fui, pois só eu que atendia a esse critério.
Decidimos pedir carona ao primeiro caminhão que vimos passar. Quando o caminhão parou o Pedim encostou na porta do motorista, todo cheio de luxo, poder e sedução (como ele fazia nos pedágios) e disse:
- Eeeerrrrr, com licença, meu nobre e distinto senhor caminhoneiro, é que nós estamos aqui, no meio desta via, passando por fortes adversidades mecânicas e, por esta razão, eu peço, por obséquio, que o senhor leve este jovem rapaz (apontando pra mim) para Palmácia, para que ele nos traga socorro e nos salve do perigo evidente de estar só nesta estrada nefasta.
Aí o caminhoneiro respondeu:
-Tá, “bora” lá, manda ele “atrepar” na carroceria que “nóis tá cum” pressa.
Aí ao tinha jeito, eu subi naquela porra cheio de pedra e me acomodei da forma mais desacomodante possível, junto com dois peões filhos da puta com a maior cara de punheteiros. Seguimos viagem até determinado ponto, quando o cara pára e manda eu descer. Ele diz que não vai mais seguir até Palmácia e me arrumou, por isso, um mototáxi.
Peguei o Mototáxi e cheguei na casa da avó do Pedim “sem lenço e sem documento”, aplicando logo uma “facada” violenta nela (R$ 2,00 pro mototáxi). E após explicar tudo o que aconteceu e ela ter comunicado o ocorrido ao prestativo tio dele, eu aguardei um tempão enquanto era providenciado o carro para rebocar o “Magão Móvel”. Após conseguir o carro, seguimos ao local onde a fatalidade tinha acontecido. Chegando lá, morto de cansado, preocupado, tenso e nervoso, eu encontro os três fuleragens na maior farra lá, ouvindo musica, cantando, tocando violão e gravando videozinhos medíocres com canções improvisadas que ofendiam a mim e a minha santa mãezinha.
Bem, aquilo foi a gota d’àgua pra mim. Eu, todo mazelado, sequelado e leproso da viagem em caminhão, moto, da espera pelo socorro e pela volta com duas figuras super esquisitas, me deparo com esses porras na maior alegria, como se aquilo fosse a extensão da farra que fizemos no final de semana. Aí não teve jeito, mandei todos tomarem no cu e esmoreci com meu cansaço solidário a quem não merecia.
Por fim, o carro realmente não teve jeito, porque Palmácia é o cu do mundo onde não vende nem mangueira de gasolina, sendo que, até essa data, o carro deve tá lá, na frente da casa da avó dele e nós, coitados, acabamos esperando o ônibus até as 17:00h aproximadamente, num tédio do tamanho do bucho da Quilôa. Voltamos no ônibus em pé, cheio de gente feia e com uma catinga enlouquecedora de vômito (o infeliz que provocou deve ter se entupido de Cheetos). Mas, mesmo com todas esses obstáculos, hoje vemos aquela situação toda de forma engraçada, não interessando os efeitos que aquilo causou no carro, na gente ou nos outros coadjuvantes dessa história, afinal, aprendemos na serra de Palmácia que cada um sabe de si.

Obs sobre a foto: Pedim, viado safado, posando todo serelepe na porra do carro no prego naquela estrada maldita enquanto eu tava sofrendo no lombo de um caminhão.

2 comentários: