
Estamos perdidos! E não é um simples aparelho como a tal “caixa mágica” que nos induz a isso. A verdade é que estamos perdidos porque passamos a valorizar a futilidade, o imoral e o entorpecente. Penso a “caixa mágica” como uma arma irresponsável criada pelos grandes interesses em propagar a ignorância e a conseqüente incapacidade de questionar, porque é calado que somos frágeis e induzidos.
A “caixa mágica” é a ponta do iceberg, além dela existe a doutrinação social que consiste em lançar modas, tendências comportamentais e que, em extremos, libera e reprime determinados gestos humanos, por mais simples que sejam. Somos treinados a agir de forma padronizada. Não podemos comer sobremesa com a colher da sopa e nem muito menos podemos falar sobre o que nos incomoda, ainda mais quando a causa disso está relacionada com a insatisfação de viver sob a ordem social que insiste em nos apontar caminhos.
Somos produtos da TV Globo, das revistas de fofoca, do penteado do Chimbinha e das ordens dos nossos superiores. São eles que nos orientam rumo à debilidade da mente, da crítica e da consciência, fazendo-nos crer que a cada dia estamos mais próximos da luz e da independência, quando, na verdade, acabamos por nos prender mais e mais na rede da imbecilidade e do “leitecomperismo”. Somos escravos do dinheiro, das grifes e da cultura imposta, somos reféns da “tendência jovem” que rasga a “caixa mágica” às 17h e tanto com “Malhação” e que finda a noite mostrando a “realidade” brasileira limitada sempre, sempre e sempre ao bairro do Leblon.
A televisão é a cartilha da dominação. As revistas, o orkut, a sala de aula, o conselho do pai, os cartazes que divulgam shows, a missa, a conversa de bar, o “toque”, a fofoca, os movimentos políticos, a anarquia, a palavra do Lula, o cinema, a musica, as artes, poesia, a panfletagem nos grandes centros, a informação da atualidade nos jornais, o programa de culinária, a amizade com os inimigos e tantas outras coisas nocivas são legitimadores da alienação. São esses os fatores que possibilitam a fabricação de capachos servis para o projeto de nação que somos e que não pretende ser livre. É nessa realidade que vivemos e interagimos, construindo essa marca doente na sociedade, somos dominados e induzidos, somos fracos e viciados e, mesmo assim, muitos estão longe de reconhecer isso.
Eis aí, para isso, a “caixa mágica”, a janela pela qual, numa atitude suicida, nos atiramos e caímos sobre o fundo do poço vazio, escuro e pobre.