segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sobre os professores e a liberdade.


Os professores são pessoas horríveis. Principalmente os do terceiro mundo. Precisam da mesma toxina que é dada às aeromoças para manterem o sorriso durante as longas horas de vôo. É preciso insanidade para aguentar longas jornadas de trabalho sendo justamente aquela pessoa que lhe oprimia quando você era mais jovem, aquele que lhe impedia de conversar com os amigos e não lhe deixava brincar depois que o recreio acabava. É duro conviver consigo mesmo e ainda ter que sobreviver na miséria, e ir ao trabalho sorridente mesmo nos dias de frustração e indiferença. Isso é loucura. E não uma loucura em um bom sentido, no sentido libertador e transgressor. Muito pelo contrário. É uma loucura claustrofóbica em relação à própria vida. Por mais que o professor se afogue na obra do Paulo Freire ele nunca vai deixar de ser um adestrador, alguem que orienta seus alunos nos caminhos que foi orientado à orientá-los. Um professor de uma instituição nunca será alguem que ensina para a liberdade. Não a liberdade bruta e crua. Esta só existe quando é conquistada através da determinação da própria pessoa, e o professor, do modo como vem atuando hoje, só atrapalha esse processo. A educação como um todo, atualmente, é algo frustrante. Não sei se pelo fato de ser subordinada à aprovações em exames de seleção que definem o futuro de jovens que não tem a menor perspectiva do que querem na sua vida, ou se porque responde à um interesse político de desvalorização intelectual da população mais pobre. Dentro dessa lógica, o melhor professor é aquele que mais rápido consegue colocar o aluno em estado de anomia. Quebrando seu espírito e fodendo-lhe a mente. O pior de tudo é ter toda uma formação que lhe ensina a não fazer isso e, mesmo assim, fazê-lo. Principalmente porque é preciso. Ainda pior é saber que você faz isso contra seus princípios, para sobreviver, e sabe que nunca vai fugir desse esquema. É uma profissão de sado-masoquistas, enclausurados em um discurso de que ainda há margem para a emancipação humana através da educação. Um discurso de que a sua vida é um lixo mas eles conseguem levá-la porque são fortes, corajosos e fiéis ao propósito de melhorar a vida de seus alunos. Um discurso de que eles são loucos por escolherem aquela profissão, que só eles aguentariam essa barra, por isso são superiores. E acabam tendo que suprimir suas frustrações com atos de imbecilidade, como comer suas alunas e encher a cara em festas da escola, e tentar aumentar sua auto-estima perante os amigos que tem empregos melhores contando-lhes histórias de como eles mudam a vida de seus alunos. Grande merda. O papel do professor é o mais ingrato possível. Digo do professor de verdade, aquele que realmente muda a vida das pessoas. É o de promover a autonomia. Promover a liberdade. E os professores que fazem isso, verdade seja dita, não estão nas escolas e academias. O professor deve ser aquele que ensina seu aluno a cuspir na sua cara e seguir com a sua vida. Com seus próprios pés.

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