terça-feira, 14 de agosto de 2012

O exorcismo do rapaz feliz.


Ele era feliz porque vivia
Mas ninguém compreendia
Quais eram suas razões.
Os motivos da alegria
Desse rapaz que sorria
Eram simples, não exigiam explicações.
A vida acontecia e ele não só existia,
Enquanto uns passavam pelos dias
Ele vivia as noites e as manhãs como canções.
As pessoas que o viam
E que não o conheciam
Criavam a cada dia novas especulações
De que o rapaz vivia em um mundo de fantasias
E de que ele mesmo sofria de alucinações,
Pois como poderia alguém que, como eles, vivia
Nessa realidade tão fria
Ter tão belas emoções?

O rapaz feliz, então, teve de ser aprisionado,
Ser benzido e medicado
Para seu malogro acabar.
Mas era muito mais complicado,
Pois a felicidade já havia enraizado
E ele não pretendia e nem poderia mudar.
Então o que foi combinado,
Para o rapaz ser libertado,
Sua alma eles deveriam arrancar.
Através de um processo mecanizado,
O rapaz foi exorcizado
E seu sorriso já não estava mais lá.
Os outros sentiram-se aliviados,
O rapaz já estava curado,
E não poderia mais alguém infectar.
Ele agora é sisudo e calado,
Só um corpo desalmado
A vagar, vagar e vagar...

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